09 fevereiro 2010

Chagall, Romantismo, Arte Urbana e mais no MASP


Este mês, o Museu de Arte de São Paulo está cheio de obras interessantes. A novidade é a exposição O mundo mágico de Marc Chagall - Gravuras, com 178 obras do artista, dentre litografias e gravuras em metal, produzidas entre 1920 e 1950. As gravuras têm forte presença da literatura e da narrativa, tendo como temas As Fábulas de La Fontaine, A Bíblia e Dafne e Cloé, transitando entre a moral, o espiritualismo e os mitos. As cores vibrantes e os jogos entre claro e escuro marcam as obras, de uma áurea onírica e leveza na união de linhas e manchas.

É impressionante a série Dafne e Cloé, com diversas áreas de cores que se mesclam com suavidade. Na gravura, para cada cor deve-se produzir uma matriz para impressão, como numa sobreposição de diversos carimbos. Logo, para que o artista criasse uma única imagem em litografia foram necessárias 25 pedras-matrizes. Para tanto, contou com a colaboração do impressor Charles Sorlier. A gravura em metal é veículo para a narração das Fábulas, que levam morais através de personagens, quase sempre animais. Raposa, lobo, aves e outros seres surgem dentre grandes manchas em preto e áreas de cor pontuais, possuindo algo de sinistro e delicado. A série A Bíblia, tambem produzida em metal, possui um clima etéreo e misterioso, que relata passagens do Antigo Testamento.

Essa mostra esteve no fim do ano passado na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte, e agora visita a cidade da garoa (que ultimamente só tem visto sol e chuva se alternando repetidamente). Integra a programação do Ano da França no Brasil.

A exposição Romantismo: A arte do entusiasmo conta com obras de diversos artistas, dentre eles Van Gogh, Maurice de Vlaminck, Monet e León Ferrari, traçando um panorama do Romantismo através das épocas. A natureza, o corpo, estados de espírito, paisagem urbana, interiores, o instante, exotismos, visões, imaginários, novos romantismos. O romântico é aquilo que toca o espírito, que traduz sentimentos e sensações em cores, formas e gestos. É individualista, subjetivo, e busca uma energia vital, a instabilidade, a contradição e sobretudo as emoções.

Arte Urbana Contemporânea: De dentro para fora / De fora para dentro traz interferências urbanas para o espaço do museu. Graffiti, stencil, pinturas, murais, objetos e instalações compõem um nicho que reproduz o ambiente urbano, e os trabalhos possuem excesso de cores e elementos, numa poluição visual típica das cidades. Das janelas da galeria é possível ver a imensa São Paulo com seus prédios, asfalto e concreto, num contraste entre o dentro e o fora, o museu e a cidade, a cidade dentro da galeria, a cidade como galeria. Alguns trabalhos são carregados de referências da pop-art e outros remetem a imagens mexicanas, afros e orientais.

Olhar e ser visto - retratos e auto-retratos expõe retratos e auto-retratos de diversos artistas como Modigliani, Van Gogh, Velásquez, Rembrandt, Goya, Picasso e Portinari, mostrando as mudanças pelas quais passou a representação da figura humana do século XVI até o período contemporâneo.

A arte do mito exibe pinturas, esculturas e louças pintadas que narram mitos como Diana e Baco, além das clássicas figuras de banhistas. Estão presentes obras de artistas como Manet, Delacroix e Rodin.

Poussin, restauração mostra o processo de restauração da tela Himeneu travestido assistindo a uma dança em honra a Príapo, pintada entre 1634 e 1638. Um processo delicado e minucioso que exige técnicas avançadas e complexas de mapeamento e recuperação da cor. Também integra as comemorações do Ano da França no Brasil e é resultado da parceria entre o Centro de Pesquisa e Restauração dos Museus da França (C2RMF), o Museu do Louvre e a Escola de Belas Artes da UFMG.

Mais informações em www.masp.art.br