Não sou de falar muito sobre política, mas esse caso merece atenção. O FIT, Festival Internacional de Teatro Palco e Rua de Belo Horizonte, evento de destaque no cenário cultural nacional e internacional e que é realizado bienalmente, teve sua 10ª edição inesperadamente cancelada este ano e com justificativas pouco convincentes. Argumentos como "este ano vai haver copa" (diga-se de passagem, na África do Sul), "este ano vai haver eleições" (que são no fim do ano), razões que nunca detiveram o FIT anteriormente, ou "há falta de montagens internacionais suficientes" (poderia-se fazer um evento privilegiando a produção nacional, que é rica e diversa), ou até "se realizássemos o FIT este ano, não faríamos um evento a altura dos anteriores" (mais explicações, por favor).
Hoje pela manhã, lendo as notícias, soube que em mais de 200 cidades de Minas, incluindo Belo Horizonte, a legislação foi alterada de modo a criar 13º salário para prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e secretários do governo, ato que recebeu advertência do Ministério Público por ir contra o artigo 39 da Constituição Federal, além de recomendação de revogação da lei, que infelizmente por hora ainda vigora. Comparado ao salário do trabalhador comum, os políticos recebem cifras altíssimas, e agora ainda têm direito a 13º.
Lembrei-me do FIT. Por que tantos atores, artistas, apreciadores de arte, estudantes e toda a comunidade ficaram privados de um evento tão culturalmente significativo assim, de repente? Por que lhes foi tirado um direito já conquistado há duas décadas? Talvez porque os impostos que pagamos, em vez de voltarem para nós em forma de benefícios como cultura, educação e saúde, estejam sendo direcionados a engordar os já gordos bolsos dos políticos mineiros...
É uma pena.
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